Informação é poder, portanto a Tecnologia da Informação é a materialização dessa afirmação. E quem cria tecnologia domina quem não cria, seja vendendo o direito ao uso da mesma, seja pela força, graças ao diferencial que suas tecnologias lhes proporcionam.
Foi usando tecnologia de ponta que algumas dezenas de espanhois chacinaram milhares de Aztecas na conquista do México e depois na conquista dos Andes ao matarem milhares de Incas no atual Perú. Foi também usando Tecnologia de ponta, que a OTAN desativou os mísseis Exocet vendidos à Argentina para impedir que eles explodissem contra a Inglaterra, na famigerada Guerra das Malvinas em 1982.
Muito além da tecnologia militar estão as tecnologias de conhecimento que têm reflexo imediato na qualidade de vida de todos: agricultura, medicina, de segurança, transportes, indústria, logística, educacional e até mesmo comportamental. É baseado em tecnologia do conhecimento social que se manejam as opiniões das massas, criando fantasmas a serem perseguidos e depois oferecendo a solução. O combate à corrupção tem sido um desses fantasmas, largamente utilizado ao redor de todo o mundo para justificar toda sorte de violências, desvios judiciais, acabar com reputações e até mesmo intervenções militares.
A Lava Jato é um excelente exemplo de desmando judicial, usando o combate à corrupção como motivo para justificar toda ordem de desmandos e ilegalidades processuais. Com amplo apoio da mídia, de personalidades artísticas, acadêmicas e políticas, e porque o consciente coletivo é complacente na caça a esse fantasma e aceita a justificativa, o pacto social, onde todos deveriam ter seus direitos garantidos e preservados, é rompido. O juiz faz tabelinha com o Ministério Público, o que é um absurdo. É o famoso “jogo de cartas marcadas”, também conhecido como trapaça, roubo, ilegalidade.
Mas porque? Os controladores do sistema não podem permitir uma longa estabilidade sócio-política nos países que eles exploram. Mesmo pagando alto pelo acesso a tecnologia, a estabilidade sócio-política de longo prazo leva esses países a um grau de desenvolvimento onde eles começariam a perceber que estão sendo explorados e, uma vez, conscientes, eles deixariam de ser submissos. Por isso todos os países tem episódios de aparente convulsão para retirar de cena os que conseguem promover avanços sociais e colocar outros que destroem esses avanços e assim recomeçar o ciclo. Tudo planejado.
O método mais utilizado para essa alternância entre os reacionários e desenvolvimentistas, é a democracia representativa. É votando que se decide o destino de uma nação! As campanhas eleitorais são terreno fértil para todo tipo de mentiras e ameaças catastróficas. O medo é um componente muito usado e por isso “os bons costumes”, “a família”, “o anti comunismo” e “as mamadeiras de piroca”, são amplamente divulgadas. Os meios de comunicação, em especial as redes sociais, desempenham um papel crucial no alcance dessas ideias., mas sempre pendendo para o lado à favor do sistema.
Se o resultado da eleição for pró desenvolvimentista, então as acuações de fraude eleitoral e o terrorismo midiático sobre graves problemas econômicos ganha espaço. Se a campanha de desestabilização der certo um dos poderes será cooptado a paralisar o Executivo impedindo a governança e conclamando a população a reagir perante a “evidente” incompetência do governo. Foi assim durante os dois primeiros anos do segundo mandato de Dilma, quando o congresso parou de funcionar, insuflando as marchas de 2013 que culminaram com o golpe que depôs nossa Presidenta.
O que se seguiu nos governos Temer e Bolsonaro foi o maior retrocesso de direitos dos trabalhadores e perdas de programas de amparo social da historia do Brasil. Agora, cabe correr atrás, realinhar, reunificar a militância e reconquistar todos esses direitos perdidos. Mas se formos bem sucedidos, certamente, dentro de algumas décadas o sistema encontrará outra forma de desestabilizar tudo de novo, mantendo esse ciclo permanente de vitórias e derrotas. Porque é nesse ciclo que se esconde a dominação, os acordos espúrios, a drenagem de riquezas e a exploração dos poderosos. São as tais “tenebrosas transações” muito bem cantadas pelo magnânimo Chico Buarque.
Entre a diversidade de distúrbios possíveis que são alimentados continuamente pelo capitalismo, estão a xenofobia e o racismo. Uma dupla mais que dinâmica que costuma gerar mais emoções do que final de campeonato de futebol! Isso porque o amor ao seu time ou sua terra só é superado pela violência contra os times e terra dos dos outros. A minha terra é mais linda, mais justa, mais trabalhadora, de gente mais inteligente, da cultura mais rica e da culinária mais deliciosa. Fica meus parabéns aos recifenses que sabem muito bem como levar isso com humor, pois é ali, na Veneza Brasileira onde os rios Beberibe e Capiberibe de juntam no Detla do Recife para formar o Oceano Atlântico!
Manter as disputas regionais sempre na temperatura certa é a lenha necessária para aumentar a temperatura política quando necessário. Não é sem querer que os políticos de extrema direita o fazem com maestria. Nos últimos anos a xenofobia dos estados do Sul tem sido especialmente mais explícita, seja nas acusações contra o Consórcio Nordeste que tentava comprar vacinas contra Covid quando o Governo Federal de Bolsonaro estava no auge do negacionismo genocida, seja mais atualmente quando o Governador de Minas Gerais, Sr. Romeu Zema, conclamou os estados do Sul e Sudeste a se unirem contra o Nordeste.
O que impressiona de verdade é o eco que esse tipo de confronto regionalista encontra na população local. A xenofobia é real e afeta milhões de brasileiros cotidianamente. Os sulistas são especialmente malvados chamando os nordestinos de preguiçosos, comedores de farinha e cabeças-chatas. Além de usar os estados de origem de forma pejorativa: baiano para quem dirige mal e paraíba para indicar burrice. Já é péssimo quando são apenas palavras e supostas brincadeiras de mal gosto, mas a escalada é inevitável. Os grupos supremacistas de São Paulo indo às ruas para “caçar” Nordestinos e “quebrá-los no pau” não é brincadeira, é violência pura.
Hora de usar a tecnologia e inteligência para promover uma grande integração nacional. O ITA – Instituto Tecnológico de Aeronáutica, uma das mais sensacionais universidades do mundo e orgulho nacional, esta abrindo o primeiro campus fora de São José dos Campos/SP, e será no Ceará! isso mesmo, no Ceará. Porque isso? Porque 41% dos alunos do ITA são cearenses! Esse é um trabalho de longo prazo feito pelos governos do Nordeste para diminuir a distância na excelência acadêmica que existe entre as regiões do pais. Depois de séculos de disparidade nos investimentos governamentais beneficiando o Sul e Sudeste, finalmente estamos colhendo alguns resultados dos investimentos feitos na região.
Mas não vamos tampar o Sol com a peneira: a xenofobia e o racismo seguirão sendo fomentados e, especialmente a elite sulista reacionária, detestará a ideia de dividir o seu amado ITA com o Nordeste: vai cair a qualidade do ensino, será um argumento usado com toda certeza. Uma vergonha.
Entender esses ciclos como o loop de um código de programa de computador facilita a compreensão das instabilidade permanentes que mantém os países explorados em permanente condição de “em desenvolvimento” sem nunca conseguir chegar lá. E quando ameaçam conseguir, são interrompidos.
Em vez de uma “condicional” com contador apontando para uma saída, o sistema nos impõe um “enquanto infinito” para manter a exploração permanente. Quem sabe o BRICS seja o “break” que esse código precisa? Mas isso é assunto para outra coluna!