Este artigo foi escrito em 08 de agosto de 2018, mas somente agora me pareceu que valia a pena publicar…
Em 2012 eu vaticinei o fim do movimento software livre: a geração Ubuntu havia dominado praticamente todos os espaços. Nesses 6 anos o cenário piorou, e muito. Finalmente, todos os objetivos da OSI se concretizaram, ou seja, Open Source sobrepujou o Free Software como termo de uso regular para definir programas de computador com código livre, a fagocitose das comunidades e seus expoentes pelo mercado e suas empresas, a lógica do desenvolvimento colaborativo para reduzir custos, a remoção do ranço filosófico do movimento e o enfraquecimento contundente dos poucos defensores remanescentes da velha escola filosófica do GNU.
Numa tentativa de reação um pequeno grupo de pessoas fez um contraponto contundente mostrando que Open Source e Software Livre não são a mesma coisa. A metodologia era clara: denunciar os falsos ativistas que propagam a filosofia Open Source dizendo se tratar de Software Livre – os OSIstas – ao mesmo tempo que explicava incansavelmente quais as diferenças entre os movimentos. Nasceu o #ultraGNU
Depois de uma longa conversa com os mais renomados ativistas do Movimento Software Livre ficou claro que eles não compartilham dessa metodologia. Segundo seu ponto de vista denunciar nominalmente os OSIstas é muito agressivo. Inclusive o próprio termo OSIsta é considerado agressivo. Portanto nenhum apoio, suporte ou colaboração.
Não há qualquer dúvida que o Open Source venceu, e essa é a prova de que a metodologia seguida e defendida pelas FSF e seus ativistas mais empenhados simplesmente se tornou ineficiente. Hoje, com seu discurso amigável e sua aproximação dos defensores do Open Source eles estão ajudando a cavar a própria cova.
Considerar o Open Source como uma evolução natural do Software Livre é uma aberração filosófica, mas se mostrou algo concreto e factual pela competência dos primeiros e pela incompetência dos segundos em conquistar corações e mentes. A lógica do mercado prevaleceu e não será o \”bom mocismo\” que conseguirá reverter o quadro.
Tendo o extermínio da filosofia do Software Livre como algo eminente e sem poder contar com o apoio da ala moderada, creio que está na hora de aceitar o fim, mas não para encerrar, mas para recomeçar, reiniciar, ou por assim dizer, dar reboot.
Temos que recomeçar. Devemos adotar a filosofia original do Software Livre como base e estendê-la para dar a ênfase necessária ao quesito filosófico. Se o que define um Software Livre é o respeito as 4 liberdades, e essa definição permitiu sua cooptação por um movimento neoliberal pro mercado, então é hora de criar um adendo que torne a definição não cooptável: uma quinta cláusula.
Nasceria assim o Libre Software.
Sua definição estaria composta pelas 4 Liberdades do Software Livre mais a não aceitação, sob nenhuma circunstância, de Softwares não livres como parte integrante, dependente ou distribuível.
No campo filosófico o Movimento Libre Software condena o Open Source pela sua complacência com os softwares não livres e com o mercado, em detrimento do usuário final. Condena de forma mais veemente os falsos ativistas que induzem as pessoas a confundirem Open Source com outros conceitos. E condena a metodologia amistosa com a qual os ativistas do Software Livre tratam seus algozes.
Ainda há esperança de agrupar pessoas dispostas a reagir de forma eficiente pela filosofia libertária da tecnologia democrática, acessível, compartilhável e redistribuível, sem permitir a cooptação pelos interesses econômicos, de mercado e do capital.
O Libre Software pode seguir de onde o Software Livre parou, virar o jogo e fazer do Mundo um lugar melhor.