Jobs, Ford e mais “vampiros sanguinolentos”

É verdade que este post não é original. Quero dizer, ele está composto dos comentários que fiz no post do companheiro Rodrigo Savazoni – aqui, mas é que decidi, depois de vencer a preguiça, formatar meu próprio texto sobre o assunto.

Segue:

A reverência a Jobs é sobre como ter êxito numa sociedade capitalista, consegue inverter os papeis do que é importante ou não. Estou há dias discutindo isso e me opondo com veemência a esse endeusamento ridículo a um homem que usou sua genialidade para concentrar poder e riqueza.

Gênio sim, mas muito mais para um gênio do mal do que do bem. Se tivesse usado seu poder, força e inventividade para, viver cada dia como se fosse último, para criar e disseminar tecnologias que levassem liberdade, conhecimento e colaboração para o mundo, ai sim, seria diferente.

O problema está na propaganda do status-quo que necessita endeusar os empreendedores capitalistas, os concentradores de capital, os gênios que foram capazes de vencer nesse jogo sujo.

O mais ridículo é ver a força que se faz para colocar esses “vampiros sanguinolentos” no mesmo nível de verdadeiros revolucionários sociais. E tudo que o cara fez foi um celular com “touch pad” para tornar sua empresa mais rica.

Acho que os movimentos sociais ganharam muito com a morte precoce de Jobs. Quem sabe o encanto que tinha boa parte dos humanos hipnotizados, como mortos-vivos, em frente às telas dos Apple gadgets possa ser quebrado de forma mais fácil agora, e possamos trazê-los de volta discussão sobre um Mundo Melhor, mais justo, colaborativo e honesto.

O cara revolucionou os meios de dominação e exploração modernos na era digital, isso sim. Percebam que Ford também é considerado um gênio por ter revolucionado os meios de produção, por exemplo. O problema é que a cada dita “revolução” do capitalismo os ricos ficam mais ricos e os pobres mais pobres.

Os métodos de que tornam o processo exploratório mais eficiente não deviam ser exaltados e sim combatidos. Não há nada de especial em tornar as pessoas mais produtivas em uma linha de montagem. Chaplin deixa isso claro em seu filme. Bom, há sim. O especial de como eu te faço trabalhar mais pelo mesmo preço, ou seja, a mais valia com um quoeficiente cada vez mais favorável ao capital em vez do bem humano.

Ford, gates, Jobs e muitos, muitos outros deveriam estar sendo proibidos de usar sua genialidade para benefício exclusivamente próprio. Deveriam haver leis internacionais que garantissem a distribuição irrestrita do conhecimento e justa dos ganhos financeiros. Isso para todas as áreas.

Um mundo de concentração absurda de riqueza não pode ser chamado de justo. Esse é o “sonho americano” que se espalhou pelo mundo, contaminando praticamente todas as sociedades, onde é justo que um ganhe tanto que faça outros famintos. E quanto mais uma pessoa conseguir acentuar essa diferença mais ela é admirada, endeusada e vista como vencedora.

Triste.

Como diria o poeta Lulu Santos: assim caminha a humanidade…

E que venham os cães de guarda da igualdade, fraternidade e liberdade capitalista para justificar o fraticidio diário em nome do direito de ir e vir, da imprensa livre, da exploração do trabalho e da concentração de riqueza como os verdadeiros pilares da justiça humana!

Pois que venham!

@anahuacpg
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Originalmente publicado em 7 de outubro de 2011

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