O embate que ocorre nas trincheiras dos novos modelos de negócios é entre a velha escola, que quer fazer as coisas como sempre: trabalhamos colaborativamente mas não dividimos os dividendos de forma proporcional. E a nova escola, onde pode haver concentração de riqueza sim, mas o objetivo é realizar o trabalho com a maior quantidade de mãos possível.
Perceba, o retorno financeiro é dividido entre os participantes do projeto, de forma igualitária ou proporcional ao trabalho realizado por cada participante. Levemos esse modelo ao extremo para conceituá-lo de uma forma clara. Quanto mais participantes, menor o ganho individual de cada membro. Virtualmente, se o volume de participantes for muito grande, o ganho individual será desprezível. Entretanto o esforço individual será igualmente desprezível, afinal de contas milhares de mãos fazem muito mais, em menos tempo e com melhor qualidade. Quando um projeto de Software Livre atinge esse ponto, os ganhos financeiros deixam de ser revertidos para seus participantes e passam a ser direcionados para infraestrutura, qualidade, evangelização, segurança e outros. Quando o ganho financeiro do coletivo não atende cada indivíduo, reverte-se o ganho para os benefícios intangíveis do coletivo. Vale mais ganhar R$ 10,00 por mês ou garantir a confiabilidade de um software como o Firefox?
O mercado convencional enxerga, com razão, as ameaças dos ambientes de construção e negócios colaborativos. Geração de conteúdo, mobilização de inteligência criativa, poder popular de qualidade, redução de custos de produção e distribuição justa de renda, são antagônicos ao modelo verticalizado dos magnatas do velho capitalismo.
Deixemos isso claro, não se trata de uma ode ao comunismo, mas uma crítica direta ao modelo atual, onde está estabelecido que explorar um semelhante é aceitável, honesto, correto e é estimulado por governos e pessoas. Essa é a maior loucura coletiva dos tempos modernos. E não me venha com argumentos infantis do tipo \”sempre foi assim\”, ou, isso é da \”natureza humana\”. Os sacrifícios humanos ao \”Inti\” já foram devidamente eliminados das sociedades. Temos que evoluir e não perpetuar nossos comportamentos Neandertais.
Usar Software Livre, manter a Internet como plataforma livre, criar negócios com remuneração igualitária, gerar conhecimento colaborativo, usar a tecnologia para educar de verdade, são prerrogativas que ferem mortalmente o modelo onde uma empresa ganha sozinha e domina o mercado. É por isso que o esforço dos dominantes para colocar essas novidades como sendo meras alternativas inovadoras de modelos antigos, é algo corriqueiro. Eles buscam estabelecer o uso do trabalho colaborativo para melhorar a produção, mas não para mudar os formatos de exploração. Então é como sempre: aproveitamos a metodologia para aprimorar a exploração e não para libertar as pessoas dela.
Que tal fazer realmente diferente? Que tal mudar sua vida, desde a base? Inicie ou se envolva com um projeto de Software Livre. Dedique-se a fazer o que gosta. Respeite os semelhantes. Proponha ganhos iguais para trabalhos iguais. Abandone a noção de que você ou qualquer outro, tem o direito de explorar o trabalho de um semelhante. Seja empreendedor da igualdade. Convide seus iguais para construir juntos, ganhar juntos, serem felizes juntos, melhorarem o Mundo juntos.
Dedique-se a fazer a felicidade fluir, em você e nos demais. Seja Livre e ajude a disseminar, o amor e a liberdade.
Se não for amanhã, tudo bem. Que tal começar semana que vem?
Saudações Livres!
@anahuacpg