II Fórum Cearense de Software Livre

O convite me foi feito pelo amigo Frolic, que é conhecido no mundo material como Eder, aproximadamente dois meses atrás. Foi com imenso prazer que aceitei. Afinal de contas Fortaleza é uma cidade de praias belíssimas, povo hospitaleiro e bons amigos.

Quarta-feira
dia 05 de outubro de 2005

Dia do embarque para Fortaleza. Às 10:35 o avião saiu de João Pessoa como deveria e tive que aguardar mais de três horas no aeroporto de Recife pelo vôo de conexão. Pisei solo cearense às 19:40, depois de um vôo de cinqüenta e sete minutos. Resultado: passei mais tempo no chão do que no ar.

No aeroporto fui recepcionado pela Empresa Júnior do curso de Turismo da Universidade de Fortaleza. Um espetáculo de recepção: cartaz com meu nome, acesso imediato ao
automóvel e depois de 15 minutos eu estava chegando ao Hotel Parthenon na praia de Iracema.

Coincidências da vida: seis meses antes, Roberta e eu estivemos de passeio em
Fortaleza, e ficamos hospedados nesse mesmo hotel. Foi muito bom ter acontecido pois eu já estava familiarizado com a orla, os restaurantes e o especial mercado de peixes do final da praia de Iracema.

No final do calçadão no sentido da avenida “beira mar”, há um pequeno mercado de peixes e crustáceos com mais ou menos doze ou dezesseis boxes. Pode-se comprar peixes, lagostas, ostras e camarões de variados tamanhos. Todos frescos. Pessoalmente gosto mais dos camarões.

O diferencial esta no preço e na junção de duas atividades diferentes: a venda propriamente dita e o serviço de preparo do alimento e venda de bebidas.

Ao lado do mini mercado há um prédio pequeno em forma de quadrado que tem quatro boxes que estão ali apenas para preparar o peixe ou crustáceo que você acabou de comprar
no mercado.

Um quilo de camarões é uma boa medida para um fanático como eu e pelo módico preço de quinze reais, fica melhor ainda! Quatro reais para fritar no alho e óleo, dois e cinqüenta em uma cerveja bem gelada e menos 5 anos de vida graças ao colesterol acumulado nas veias, estou satisfeito.

Depois de me registrar no hotel decidi verificar se algum outro palestrante amigo tinha se registrado um pouco antes para convida-lo para jantar camarões, entretanto ninguém que eu conhecesse ou identificasse pelo nome constatava da relação.

Me tranquei no meu quarto e decidi trabalhar um pouco mais no desenvolvimento do Jegue. Três horas depois e eu já estava “dormindo com os anjos”.

Quinta-feira dia 06 de outubro de 2005

Despertei às 06:30 da manhã. Sim é verdade! Foi por uma boa causa, afinal de contas era a abertura do II Fórum Cearense de Software Livre. Ao parar o elevador para ir tomar meu café da manhã, dou de cara com o amigo “Samadeu” ( Professor Sérgio Amadeu ). Muito bom poder reencontrar os companheiros de luta nos eventos, especialmente aqueles que vivem longe e não podemos manter um convívio diário.

O desjejum ocorreu tranqüilo e depois de terminado, subimos aos nossos respectivos apartamentos para pegar nossas coisas e seguir para o evento.

No São João deste ano eu comprei um chapéu de vaqueiro nordestino, no melhor estilo Lampião. Infelizmente com menos enfeites, mas muito bonito. Tenho-o utilizado desde então para ministrar a palestra ultra-nacionalista “Complexo de Formiga” e para deixar claro minha origem nordestina e paraibana nos eventos dos quais participo.

O evento foi realizado na UNIFOR – Universidade de Fortaleza, uma mega estrutura com mais de trinta cursos regulares. Realmente uma super universidade plantada na capital cearense.

Chegamos ao evento – eu estava utilizando meu chapéu de vaqueiro – e a recepção foi calorosa entre os amigos. Nesse grupo estava o Tenente Gustavo, Frolic, Amadeu e outros quando fui questionado por uma pessoa, que apontando pro meu chapéu, perguntou:

Eita! Cabra arretado! Vai puxar uma peixeira também?”

A resposta saiu de bate-pronto, no melhor estilo Rivelino:

Não amigo, não trouxe uma peixeira, mas se eu estivesse usando um boné com o símbolo da Nike você não estaria reagindo assim.”

A risadagem foi geral e a pessoa, que será mantida no anonimato, perdeu uma boa oportunidade de ter elogiado minha indumentária, ao invés de tentar denegri-la.

Às 09:30 teve inicio a cerimônia de abertura do II FCSL com a apresentação de um quarteto de violinos acompanhados por uma linda tocadora de oboé. Obras de Luiz Gonzaga, Vila Lobos e outros foram executados. Em seguida um coral se juntou aos músicos e outra série de músicas típicas nordestinas foram então interpretadas.

A mesa de autoridades foi composta e antes dos discursos de abertura o coral e os músicos executaram o Hino Nacional. Emocionante.

Terminados os discursos de abertura Sérgio Amadeu e Marcos Mazzoni dividiram o palco com suas respectivas palestras, as duas muito boas e de conteúdo impressionante. É claro que Mazzoni sofreu um pouco, afinal de contas é sempre uma responsabilidade imensa falar depois do Sérgio.

Hora do almoço, fomos levados para um restaurante misto: de um lado “risttorante” italiano e do outro churrascaria. Um lugar muito elegante e de aparência ostentosa. Um almoço rápido e voltamos para o auditório do evento para que eu pudesse fazer a minha apresentação que estava marcada para às 14:00.

Como sempre a palestra Complexo de Formiga causa muitas gargalhadas e muita consternação pelo que ela expõe. Acredito muito no poder de um sorriso. Ele é cativante e abre a mente para aceitar certas verdades sobre a vida que, em outras condições de humor não seriam facilmente digeridas. Charlie Chaplin usou muito esse recurso para falar sobre a desigualdade social gerada pela revolução industrial e o capitalismo selvagem.

Mas este diário não será mais revelador do que isso. Se quiser conhecer bem o conteúdo do Complexo de Formiga, ou até mesmo se você sofre desse complexo, será necessário assistir a palestra.

Depois da minha apresentação houve uma mesa de debates composta por uma série de autoridades: governo municipal e estadual, exército, universidades e comunidade software livre, discutiram sobre o papel de cada um na implementação, desenvolvimento e apoio à disseminação dessa idéia.

Uma coisa ficou bem clara: o Governo do Estado do Ceará tem muito pouco ou quase nenhum interesse em usar e difundir Software Livre.

Terminada essa sessão o primeiro dia do evento foi declarado encerrado.

Uma passada rápida pelo hotel para soltar a bagagem e convocar o amigo Júlio Neves, e em menos de 15 minutos estávamos todos a caminho do Camarão no final da praia de Iracema. A tropa de choque: Sérgio Amadeu, Júlio Neves, Mazzoni e eu. Todos com fama de “campeões mundiais de alterocopismo”.

Primeiro fomos às compras dos crustáceos. Sim falei crustáceos por que descobri que Sérgio Amadeu não gosta de comer camarão 🙁 Assim compramos três quilos de camarão
bem grande e um quilo de lula para Sérgio Amadeu. Parece que depois de tantos anos de árduo trabalho, o amigo “Samadeu” finalmente assumiu que o negócio dele era comer lula. Motivos para abusar e morrer de rir com o duplo sentido não faltaram.

Depois de devidamente acomodados em nossa mesa e de algumas cervejas iniciei uma longa e agradável conversa com o Marcos Mazzoni. Uma feliz oportunidade para falar com este importante expoente do Software Livre no Brasil, com o qual já me encontrara diversas vezes em outros eventos mas nunca tivera a oportunidade de estreitar laços de amizade.

Entre outras coisas descobri que ele esta sim na federação de alterocopistas da comunidade software livre do Brasil.

Depois de algumas horas tomando cervejas e comendo camarões frito ao alho e óleo fomos nos encontrar com um grupo de membros da comunidade cearense de software livre na Praia do Futuro em um bar chamado Croco Beach. Música ao vivo, forró, para deleite do Sérgio Amadeu que se mostrou um fã incondicional desse ritmo musical. Brincadeiras a parte, a banda que estava tocando, cujo nome não me recordo, era muito boa mesmo.

Entre as pessoas mais simpáticas do grupo recordo-me do Erlon ( por favor o acento forte é no “on”, portanto “Erlôn” e nunca “Érlon” viu seu abestado? 🙂 cuja “fuleragem” é quase sem limites, sua esposa e a namorada de um outro companheiro que conseguiu passar a noite toda sem rir. Alias é uma das suas características mais marcantes: não rir.

Um outro bom amigo que fiz nessa mesma noite chama-se Robson – literalmente o filho de Rob. Que poderia ser aquele Menudo, há deixa pra lá isso. Explico: estávamos conversando sobre diversos temas relacionados ao SL quando perguntei se alguém do grupo conhecia a experiência da comunidade do Conjunto Palmeiras. A resposta foi negativa por parte de todos. Expliquei do que se tratava e Robson se prontificou a procurar o local e ir
visitar comigo esta fantástica experiência social. O relato esta mais para frente.

Duas e meia da manhã acabou o som e todos concordamos ir dormir pois no dia seguinte haveria mais evento e certamente mais festa de noite.

Voltamos para o Hotel e ali me despedi do amigo Mazzoni que tinha vôo marcado para às quatro da manhã. Espero que ele tenha feito uma boa viagem.

 

Sexta-feira 07 de outubro de 2005

Acordei às 12:30 do dia, com uma ressaca nível 4, seguindo a escala dos terremotos que vai até 7. Obviamente o café da manhã do hotel estava perdido. Desci e no saguão do
Hotel me encontrei com o amigo Sérgio Amadeu indo embora de volta para São Paulo. Uma saudação calorosa depois, estava a caminho de um dos restaurantes da orla da Praia de Iracema para almoçar.

No cardápio diversas opções, a escolha óbvia foi cozido de peixe ao molho de camarão. Tudo bem, sei que posso estar exagerando, mas eu realmente aprecio “de cum força” esse animalzinho.

Depois do almoço voltei para o hotel e fiquei aguardando Robson chegar para irmos conhecer a Comunidade do Conjunto Palmeira e o seu Banco de Palmas.

Faz alguns meses a amiga Sulamita Garcia me indicou um vídeo de uma palestra feita por um cearense, que foi gravado pela comunidade de Software Livre da Bahia, sobre uma experiência única no Brasil: a comunidade organizada havia criado um banco próprio com papel moeda própria. Em um primeiro momento é confuso de entender e até mesmo de acreditar.

Baixei o vídeo que tem trinta e dois minutos de duração e me encantei. Trata-se de uma comunidade que originalmente era pesqueira e vivia na beira-do-mar no final da praia de Mucuripe, ou seja, bem próximo do hotel onde eu estava hospedado.

Em 1973 esta comunidade foi “convidada” a sair do seu local para permitir a expansão hoteleira da orla de Fortaleza. Entretanto eles foram remanejados para o sul da cidade, no interior, bem longe do mar, em uma região pantanosa. Nascia então a favela do Conjunto Palmeiras.

Baseando-se no trabalho comunitário e sob o regime de multirão os moradores conseguiram construir a sede da associação dos moradores, praças, ruas e casas para tornar o local passível de moradia. Confesso que apesar de simples o Conjunto Palmeiras hoje não se parece nada com a descrição feita pelo Sr. Joaquim na sua palestra.

Entretanto faltava o mais importante: buscar meios de fazer com que a população local gerasse riqueza para se manter. O maior dos medos era que os locais vendessem suas casas para poder comer e fossem morar em outra favela.

Nasce então a idéia do programa de micro-crédito para a economia popular social e auto sustentável. O objetivo era oferecer um crédito financeiro mínimo para pessoas pobres, com nomes registrados nos sistemas de proteção ao crédito e sem muita especialidade profissional, ou seja, a maioria absoluta da população do Conjunto Palmeiras.

Decidiram então organizar um banco dentro da associação dos moradores. Com um caixa ativo de R$ 2.000,00 nasce o Banco de Palmas, que oferecia crédito baseado no sistema de avaliação de QI ( quem indica ); a pessoa tinha que ser honesta e trabalhadeira e ser recomendada por outras pessoas que eram referência na comunidade para ter acesso ao micro-crédito.

Então imaginemos o caso da Dona Chica ( personagem fictício para fins didáticos ), que sabe fazer coxinhas de galinha, mas esta sem condições de fazê-las porque está sem nenhum
dinheiro. Ela é uma pessoa honesta e foi recomendada pelos demais membros da comunidade e consegue ter acesso ao crédito para fazer coxinhas e iniciar daí seu sustento.

Existem algumas situações que não são desejáveis na execução do plano: não é desejável
que Dona Chica compre a farinha e a galinha em um supermercado de grande porte, afinal isso apenas retroalimenta a cadeia exploratória das grandes empresas sobre o povo. Também não é desejável que a Dona Chica pegue o dinheiro do micro crédito e pague contas atrasadas ou dívidas de qualquer espécie, afinal de contas o objetivo é a produção e geração de renda.

A solução encontrada não poderia ter sido melhor: criar uma moeda própria. Assim nasce a Palma, o dinheiro do Banco de Palmas.

Não é necessário dizer que essa decisão gerou fortes reações dos “poderosos” culminando com a visitação de agentes do Banco Central para verificar o processo, porque até onde sei a lei não permite que outras moedas circulem e muito menos que sejam emitidas por um banco.

Não se trata exatamente de uma moeda própria e sim de um bônus, entretanto deixo para os experts na legislação financeira os detalhes sórdidos do processo.

O fato é que com a emissão da Palma e do crédito dado em palmas pode-se incentivar os tomadores de crédito a consumir localmente na comunidade.

Vamos fechar o raciocínio: a associação de moradores estimula pessoas a criarem galinhas em seus quintais, pequenas produções e vende-las por um preço mais barato para quem pagar em Palmas. Dessa forma além de criar novos negócios para mais pessoas estimula-se Dona Chica a comprar a galinha dos seus vizinhos e não de uma rede de supermercados.

Visando realizar a maior quantidade possível de negócios que se auto-completam, a associação de moradores desenvolveu diversos programas de geração de negócios, com
suas marcas:

PalmaFashion
– Marca de roupas feitas na própria comunidade, com direito
a desfile de moda e tudo mais;

PalmaNatus
– Plantio, estratificação e processamento de plantas
medicinais para elaboração de remédios, xaropes,
tinturas, cosméticos e outras coisas do gênero;

PalmaCouros
– Tratamento e curtição de couros;

PalmaLimpe
– Material de limpeza como água oxigenada, detergente,
sabonetes e derivados;

 

Desta forma o incentivo à comunidade de produzir seu próprio sustento de forma viável e socialmente justa vem movimentando a economia local ao ponto deles terem lançado seu próprio cartão de crédito, o PalmaCard com um crédito de R$ 20,00. Pode parecer pouco mas não é.

Além disso é emocionante ver toda a comunidade interagindo. É possível ver nos pára-brisas das conduções um adesivo escrito: Aceitamos Palmas. Aliás este é o próximo convênio, fazer com que as passagens das conduções que atualmente custam R$ 1,60 passem a custar 1,45 Palmas. Para isso o Banco de Palmas já esta preparando a emissão das cédulas de 1,45 Palmas.

Robson e eu precisamos de pouco mais de uma hora para encontrar o Conjunto Palmeiras e localizar a sede da Associação de Moradores e também do Banco de Palmas. Entramos e logo na primeira sala ficou claro que se tratava da secretaria. Me apresentei da melhor
forma possível, dizendo que eu fazia parte da comunidade Software Livre da Paraíba e que estava na cidade participando de um congresso e que fiz questão de ir visitar a experiência
bem sucedida do Conjunto Palmeiras.

Com um certo ar de incerteza a Sra. Corrinhas voltou a perguntar meu nome e o intuito da nossa visita. Dadas as devidas explicações ela se prontificou a parar o seu trabalho e com muita presteza e simpatia nos levou para conhecer as instalações da Associação.

Logo na entrada há um balcão de encaminhamento para o trabalho formal, onde centenas de pessoas são atendidas diariamente através de uma parceria com o governo do estado.
Essa mesma área é onde se realizam as reuniões comunitárias e as apresentações artísticas
dos jovens.

Ao lado há um guichê do Banco Popular do Brasil, a mais nova parceria firmada pelo Banco de Palmas, pois é a única agência desse banco que não segue às regras do banco do Brasil e sim às regras do Banco de Palmas para oferecer mais micro-crédito à população.

Estupefatos, Robson e eu fomos levados para conhecer os cursos de pintura de têxteis, corte-e-costura, plantação de ervas medicinais, micro hortas, criação de aves, criação de minhocas e processamento e geração de adubos naturais, além da farmácia e da empresa de produção de material de limpeza. Ufa! Quanta coisa!

Depois nos reunimos em uma ante sala onde a Sra. Corrinhas respondeu a diversas perguntas e onde nos prontificamos Robson e eu, em nome da comunidade brasileira de Software Livre para ajudar com os poucos computadores que existem por lá, além de ajudar na não finalizada página web deles.

Como não poderia deixar de ser pedi para que me trocassem dez reais por dez palmas, uma vez que a cotação é de um para um. Entretanto a resposta foi negativa: esta terminantemente proibida a troca de uma moeda pela outra. A única forma de conseguir papel moeda de Palmas é realizando serviços para a Associação ou para qualquer um dos parceiros produtivos da mesma. Depois de um pouco de insistência me presentearam com uma cédula de 0,50 ( cinqüenta centavos de Palmas ) com um carimbo de “não válido” nela.
Perfeito!

Saímos regogizados, ébrios, tontos, com uma sensação de absoluta plenitude pelo fantástico trabalho realizado por esses espetaculares  cearenses.

Pessoalmente confesso, foi a primeira vez que percebi o quanto falta para ser realizado em termos concretos para que o Software Livre de fato faça pender a balança da desigualdade em favor dos oprimidos deste país e do mundo.

Se pudessemos realizar 10% do que eles realizaram lá este país seria diferente.

 

Se você gostou da idéia e quiser obter mais informações aqui esta o e-mail do banco de Palmas: [email protected]

Fotos da cédula da Palma:

Frente e verso

Já passavam das 17:00 quando voltamos ao local do evento na UNIFOR para ver o finalzinho da palestra do Piter Punk. Com esta terminada foi a vez de reencontrar e saudar a amiga Sulamita e reencontrar Júlio Neves, Erlon, Frolic e cia.

Nessa noite fomos juntos Júlio Neves, Sulamita, Frolic e eu, passamos rapidamente pelo hotel e saímos mais uma vez para comer aquele camarão no alho e óleo e tomar umas
cervejas. Apesar dos contatos por telefone com Piter Punk, que decidiu não ficar no hotel e se hospedar com “os mano”, não conseguimos viabilizar um encontro das duas turmas.

Entre a ressaca da noitada anterior e a responsabilidade de ministrar o mini-curso no dia seguinte todos nos recolhemos relativamente cedo essa noite.

 

Sábado 09 de outubro de 2005

 

Despertei tarde, porque meu mini-curso foi apenas de tarde – coitado do Júlio
neves que assumiu duas turmas, uma de manhã e outra de tarde. Desta vez passei da hora e não consegui almoçar antes que viessem me buscar. O carro que me levou ao local do evento foi o mesmo que ia levar Sulamita para o aeroporto, mas não sem antes parar no mercado para que ela comprasse uns quilos de camarão. Vou querer provar uma comida feita por Sulamita um dia. Antes de seguirmos, conseguimos uns minutos para tomar um refrescante sorvete de caipirinha. Sim de cachaça mesmo. Tem tanto alcool que sua venda esta proibida para menores de 18 anos.

Fui levado para o local de treinamento, uma sala muito ampla com cerca de quarenta microcomputadores.

Apesar da turma ser bastante heterogênea o bom humor reinou durante todo o treinamento para configurar um servidor de e-mail completo com Postfix, LDAP, Courier e Jegue.

Aula finalizada e novos amigos feitos, chegou a hora quando fomos para o
auditório da biblioteca da UNIFOR para assistir ao encerramento do II Fórum Cearense de Software Livre.

O sentimento de trabalho realizado e as caras de cansaço eram evidentes, além da emoção, tanto da platéia quanto dos organizadores. Tudo perfeito.

Já de noite, decidimos seguir direto do local do evento para a despedida “não oficial” do evento. Seguimos para um bar/restaurante/pizzaria/sinuca. Onde depois de muitas piadas e

risadagem fui forçado a jogar sinuca. Apesar de gostar do jogo não sou exímio. Acredito que no final me saí bem, especialmente jogando sozinho, onde o placar ficou em Paraíba
2 x 1 Ceará 🙂

 

Vale ressaltar que o amigo Júlio Neves joga muito bem e depois de jogar contra ele duas vezes nos jogos de duplas e ter perdido, decidi me juntar a ele e ganhar outras três partidas.

Em um determinado momento ficou decidido que mudaríamos de bar e depois de atravessar Fortaleza terminamos a noite em um simpático botequim cuja especialidade é o peixe frito. Mas não se trata de um peixe qualquer, apesar de não saber o nome do tipo de peixe, o grande diferencial é que você mesmo escolhe, em um tanque, o peixe que será abatido, frito e servido para você. Pois é, sem risco do peixe não ser fresco.

Eram quase três da manhã quando finalmente voltei para o hotel afim de descansar um pouco, tendo em vista que meu vôo de retorno estava marcado para às 10:30 da manhã.

 

Conslusões

 

Esse é o relato, quase literal e quase completo. Sempre há detalhes sórdidos que não devem ser revelados para manter a integridade moral, relacional, política e organizacional do evento e das pessoas envolvidas.

Entretanto o balanço do II Fórum Cearense de Software Livre é muito, mas muito bom. O cuidado da organização com o translado do aeroporto ao hotel, do hotel ao evento e vice-versa, foi simplesmente perfeita.

O carinho dedicado a todos pelos anfitriões do Ceará foi maravilhoso. Esta claro que faz parte da natureza do nordestino ser amigável e prestativo, mas a “fuleragem” típica do
cearense é um ingrediente a mais que faz toda a diferença.

Gostaria de agradecer publicamente a todos os que organizaram o II FCSL e
especialmente ao amigo Frolic pelo convite que me possibilitou vivê-lo.

As fotos do evento podem ser vistas aqui

Saudações Livres,

 

Anahuac de Paula Gil

13/10/2005

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